Publicado em
20/05/2022
às 19:02
Brasil
O bilionário Elon Musk e o presidente Jair
Bolsonaro (PL) se encontraram na manhã desta sexta-feira (20) durante um
evento em Porto Feliz, no interior de SP.
O encontro aconteceu em um hotel de luxo com cerca de 100 convidados.
A visita do homem mais rico do mundo ao Brasil faz parte do
lançamento de um projeto envolvendo a Starlink, rede de satélites da empresa
Space X, da qual ele é dono, que promete internet de alta velocidade e acesso
em locais remotos.
Em uma postagem no Twitter, Musk disse que o projeto vai
conectar 19 mil escolas nas zonas rurais e monitorar a Amazônia, porém, não
explicou como fará isso.
Elon Musk foi
condecorado durante o evento em Porto Feliz (SP) com uma medalha de honra ao
mérito. O Ministro-Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, postou uma foto com o
empresário usando a medalha — Foto: Ciro Nogueira/Twitter/Reprodução.
"Starlink tem uma política bem rigorosa de proteção dos
dados, temos um nível de encriptação no nível do terminal e no nível do
satélite. Mesmo que quiséssemos, não tem como saber quais dados você está
mandando. Se é impossível para nós, também é impossível para os outros. Sobre
proteger a Amazônia, temos que usar os dados, porque a Amazônia é gigantesca.
Se você tentar fazer um monte de fotos e vídeos para entender o que está
acontecendo, a quantidade de dados a serem transmitidos será enorme. Então,
precisamos dessa conectividade para monitorar a Amazônia efetivamente".
Elon Musk foi condecorado durante o evento com uma
medalha de honra. O Ministro-Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, postou uma
foto com o empresário usando a medalha.
Durante o encontro, Bolsonaro, disse que o anúncio de
Musk sobre a compra do Twitter é um "sopro de esperança".
"O exemplo que nos deu, poucos dias, quando se anunciou
a compra do Twitter, para nós aqui é como um sopro de esperança. O mundo todo
passa por pessoas que têm vontade de roubar essa liberdade de nós, a liberdade
é a semente para o futuro", afirmou Bolsonaro, em discurso ao lado de
Musk, após chamá-lo de "mito da liberdade".
O nome de Bolsonaro foi incluído entre os alvos pelo
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ao levar em
conta ataques, sem provas, feitos pelo presidente às urnas eletrônicas e ao
sistema eleitoral.
Encontro em SP
O encontro entre Musk e Bolsonaro
ocorreu em um resort de luxo em Porto Feliz, o Fasano Boa Vista. O
bilionário sul-africano chegou ao Brasil em seu avião particular, modelo GVI
(G650ER), da empresa Gulfstream Aerospace Corp, por volta das 9h. Ele pousou em
um aeroporto privado de São Roque, a cerca de 50 km do hotel.
Já o presidente saiu de Brasília,
onde teve agenda pela manhã. O avião presidencial pousou no mesmo aeroporto
cerca de 40 minutos depois, e seguiu para Porto Feliz em um comboio
pela Rodovia Castello Branco. Na chegada do hotel, ele parou para cumprimentar
os policiais militares que fazem a escolta do evento.
Bolsonaro e Musk se encontrarão em hotel em Porto Feliz — Foto: Reprodução.
Entre os convidados estavam os
ministros Fábio Faria, Ciro Nogueira, Luiz Eduardo Ramos e o ministro do
STF Dias Toffoli. Também participaram empresários e alunos do ITA.
O vice-presidente Hamilton Mourão
não foi chamado para o encontro. "Caso ele [Bolsonaro] julgasse necessária
a minha presença, ele teria me chamado", disse Mourão nesta manhã em
Brasília.
Bolsonaro, Musk, empresários e
ministros almoçaram no resort após o evento.
Elon Musk, o homem mais rico do
mundo, com um patrimônio avaliado em US$ 273 bilhões (R$ 1,3 trilhão), segundo
ranking da Bloomberg, é dono da Space X, que recebeu aval da Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel) para explorar a internet na Amazônia.
Em janeiro, a Anatel concedeu o
direito de exploração no Brasil de satélite estrangeiro não-geoestacionário de
baixa órbita para a Starlink, sistema de satélites da empresa. Com isso, a
empresa de transporte espacial de Musk vai poder oferecer seu serviço de satélite
em todo o território brasileiro, com direito de exploração até 2027.
A autorização da Anatel foi
concedida após reunião do ministro Fábio Faria com Musk nos Estados
Unidos, em novembro do ano passado.
Em fevereiro deste ano, o governo
do Amazonas também informou manter contato com a SpaceX para a instalação de
tecnologia da empresa do bilionário no estado. Musk já havia manifestado
interesse em iniciar operações da Starlink na região.
Em abril, ele anunciou acordo de
compra do Twitter por cerca de US$ 44 bilhões, aproximadamente R$ 215 bilhões (veja
abaixo). Musk também é dono da Tesla, fabricante de carros elétricos.
Durante o encontro em Porto
Feliz, ele disse que espera que a empresa tenha carros autônomos no ano que
vem. A previsão, no entanto, não é uma novidade.
O presidente-executivo da
montadora de carros elétricos já usou esse "prazo" para o
desenvolvimento da tecnologia em anos anteriores. Atualmente, os carros da
marca contam com um piloto automático capaz de manter o veículo em uma faixa,
acelerar e frear de forma automática, mas o recurso precisa da supervisão do
motorista.
Nesta semana, surgiu a acusação
de que o empresário teria mostrado o pênis pra uma funcionária e pago para ela
ficar quieta.
A denúncia foi publicada pelo
site "Business Insider" nesta quinta-feira (19), em que informava que
uma comissária de bordo da empresa de transporte espacial e aéreo SpaceX acusa
o empresário, que teria oferecido US$ 250 mil pelo silêncio dela. Pelo Twitter,
Musk disse que as alegações são "totalmente falsas".
Frases de Musk
Durante o evento em Porto
Feliz, Elon Musk conversou com os convidados e respondeu algumas
perguntas. Confira abaixo alguns assuntos comentados pelo empresário:
"Para ficar motivado em
qualquer coisa é preciso explicar o porquê das coisas. Se as pessoas não sabem
por quê algo está sendo feito, é difícil mantê-las motivadas. Isso também é
verdade no ensinamento. Porque nosso cérebro evoluiu para ignorar coisas que
não são importantes. Coisas das quais você não precisa se lembrar são deletadas
automaticamente do seu cérebro se não tiverem um motivo. Se você explicar o
motivo, isso aumenta a motivação automaticamente."
"Temos dados de carros da
Tesla que um carro normal pode andar grandes distâncias e situações complexas
sem nenhuma interação humana. Você pode andar por Los Angeles e, na maioria das
vezes, não precisa de nenhuma intervenção. Eu sou confiante de que a Tesla
provavelmente não precisará ter ninguém dentro do carro daqui a um ano. Já para
caminhões e outros veículos grandes existe uma diferença bem grande."
"A automação pode dar a
ideia de que tira empregos das pessoas. Mas na verdade, a automação cria muitos
outros novos empregos. Quando foram criadas pás automáticas para escavação, as
pessoas ficaram preocupadas com os trabalhadores que escavavam com pás e
picaretas, mas elas terminaram operando as máquinas. O mesmo será com os
caminhões autônomos. Em vez de um motorista dirigir um caminhão, ele estará
comandando, digamos, 10 ou 20 caminhões. Será o cuidador, como um pastor com
suas ovelhas, ele vai tomar conta dos veículos."
Elon Musk é o homem mais rico do mundo. Em 2021, ele foi eleito a "Personalidade do Ano" pela revista "Time". Excêntrico, Musk é responsável por empreitadas como a empresa de exploração espacial SpaceX e a fabricante de carros elétricos Tesla.
Jair Bolsonaro se encontra com Elon Musk em Porto Feliz (SP) — Foto: Arquivo Pessoal.
Em maio passado, durante uma
aparição no programa americano "Saturday Night Live", Musk revelou
que tem Síndrome de Asperger, um tipo de autismo leve.
"Para qualquer um que tenha
ficado ofendido, só quero dizer que reinventei os carros elétricos e estou
mandando pessoas para Marte em um foguete. Você achou que eu também seria um
cara normal e tranquilo?", completou.
Filho de um sul-africano e de uma
canadense, Musk nasceu em Pretória, na África do Sul. Ele viveu no país até
1989, quando se mudou para o Canadá pouco antes do seu aniversário de 18 anos.
Começou a faculdade na Queen's
University em Ontário, no Canadá, mas no meio da graduação se mudou para a
Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ele é bacharel em física e
economia e se naturalizou americano.
Há um mês, o bilionário fez
uma oferta de US$ 41,5 bilhões (cerca de R$ 205 bilhões) em dinheiro para
assumir o controle total do Twitter. No que chamou de sua "melhor e
final" tentativa de compra da companhia, Musk prometeu pagar US$ 54,20 por
ação.
No início de abril, ele informou
que comprou uma participação de 9,2% da rede social em uma operação efetivada
em março. Após a compra, no entanto, rejeitou fazer parte do conselho de
administração do Twitter. No documento enviado, Musk afirmou que, caso a oferta
não fosse aceita, reconsideraria sua posição de acionista.
"Desde que fiz meu
investimento, me dei conta de que a companhia não vai nem prosperar nem atender
a esse imperativo social em sua forma atual. O Twitter precisa ser transformado
em uma empresa privada", escreveu em carta endereçada ao presidente do
conselho da rede, Bret Taylor.
Nas últimas semanas, Musk tem
questionado como a rede social lida com a liberdade de expressão, ao indicar
comentários como questionáveis e bloquear usuários. No final de março, o
executivo questionou – no próprio Twitter – se uma nova plataforma seria necessária
para manter essa liberdade.
Perguntado por um seguidor no dia
26 de março sobre a possibilidade de desenvolver uma nova rede social, que
colocasse a liberdade de expressão como prioridade e tivesse um algoritmo de
código aberto, Musk disse que estava "pensando seriamente nisso".
O bilionário, inclusive, já teve
problemas com suas postagens na rede social. Ele foi proibido de fazer
declarações que afetassem o valor das ações da Tesla sem que elas fossem
avaliadas previamente pelo conselho da montadora, depois que ele tuitou, ainda
em 2018, que pensava em tirar as ações da empresa da bolsa, o que fez o preço
dos papeis disparar.
Também já recebeu críticas por
alguns de seus comentários, como quando insultou um mergulhador que ajudou
no resgate de um grupo de crianças presas em uma caverna na Tailândia.
O Twitter, como outras
plataformas de mídia social, suspende contas por violar padrões de conteúdo,
incluindo violência, discurso de ódio ou desinformação prejudicial.
Essa reportagem foi feita pelo
g1.
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