Publicado em
31/03/2025
às 09:50
Rialma
A equipe Kosmos Rocketry, da UFSC Joinville, está se preparando para competir na International Rocket Engineering Competition (IREC), considerada a "Copa do Mundo" dos foguetes. O evento acontece em junho, mas o desenvolvimento do foguete Morpheus, que representará o time, já ocorre há um ano e meio.
José Roberto dos Santos Carmo, de 21 anos, da cidade de Rialma, aluno do sexto semestre de Engenharia Aeroespacial e capitão da equipe, explica que construir um foguete dentro das exigências do projeto é um grande desafio. O Morpheus será o primeiro foguete do hemisfério sul, desenvolvido exclusivamente por estudantes, a atingir um apogeu de 30.000 pés (cerca de 9,1 km).
— Optamos pelo Morpheus e, desde então, temos realizado muitas pesquisas, pois há muita novidade envolvida. Nossos foguetes anteriores mal atingiam Mach 1, que é a velocidade do som, enquanto este tem previsão de alcançar Mach 2.2, o dobro dessa velocidade — comenta José.
Além do ineditismo, a equipe busca bater o recorde atual da IREC na categoria, pertencente a uma equipe paulista, cujo foguete Juno II alcançou 3,7 km em 2022.
Desafios no desenvolvimento
Um dos maiores obstáculos enfrentados foi a escassez de materiais de pesquisa na área.
José Roberto dos Santos Carmo, de 21 anos, da cidade de Rialma
— O projeto nos colocou diante de temas pouco documentados, exigindo que desenvolvêssemos conhecimento praticamente do zero — explica o capitão da Kosmos.
Outro desafio está no motor do Morpheus, considerado o maior de propulsão sólida desse tipo no Brasil, utilizando propelente à base de nitrato de potássio e sorbitol.
— Criamos um motor nessas proporções sem referências consolidadas, sem um manual detalhado. Foi um processo de tentativas, melhorias e validação constante — acrescenta.
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A equipe enfrentou um revés significativo durante um teste estático recente, quando o motor explodiu. O incidente resultou em um prejuízo de R$ 15 mil e demandou 32 dias de preparação. Agora, os estudantes buscam apoio e patrocínios para viabilizar as soluções necessárias a tempo da competição.
Rumo à IREC
Entre os 47 integrantes da Kosmos, 16 viajarão aos Estados Unidos para participar da IREC, que acontece de 9 a 14 de junho. Para José, estar na competição é motivo de orgulho, especialmente por conseguir desenvolver tecnologia de ponta mesmo com orçamento limitado.
— O Morpheus é um projeto desafiador do início ao fim. Poder lançá-lo em um evento tão prestigiado como a IREC, a principal competição de foguetes de sondagem do mundo, é uma conquista enorme para nós — destaca.
Os bastidores do desenvolvimento do foguete são compartilhados nas redes sociais da equipe, e o projeto conta com o suporte de parceiros.
Impacto na formação acadêmica
Fundada em 2013, a Kosmos Rocketry é a maior equipe do campus da UFSC Joinville, oferecendo aos estudantes uma oportunidade única de aplicar conhecimentos teóricos na prática.
Para Antonio Otaviano Dourado, doutor em Engenharia Mecânica e subcoordenador do curso de Engenharia Aeroespacial, iniciativas como essa impulsionam o interesse dos alunos e agregam valor à formação profissional.
— Participar de um projeto com resultados acima da média demonstra não apenas conhecimento avançado, mas também a capacidade de aplicá-lo na prática — afirma.
José também enxerga sua trajetória na Kosmos como um diferencial competitivo para o futuro.
— Quando consulto os pré-requisitos de empresas internacionais, vejo que muitas das habilidades exigidas foram desenvolvidas na Kosmos, algo que dificilmente aprenderíamos apenas na graduação — conclui.
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