Publicado em
24/01/2025
às 09:28
Brasil
De acordo com a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ), a investigação sobre o caso das 800 toneladas de carnes que ficaram submersas durante as enchentes do Rio Grande do Sul aponta que a empresa Tem Di Tudo Salvados vendeu as peças estragadas como se fossem nobres e vindas do Uruguai.
Agora, a corporação tenta rastrear aonde esse produtos chegaram. O rastreio está sendo feito por meio de notas fiscais apreendidas no frigorífico para encontrar possíveis compradores do material.
Conforme a Delegacia do Consumidor (Decon), as carnes impróprias para consumo foram limpas e maquiadas, para enganar os consumidores e serem vendidas como de boa qualidade.
Segundo o delegado Wellington Vieira, responsável pela investigação, Decons de todo o país foram contactadas para monitoramento, já que as carnes foram vendidas para açougues e mercados espalhados pelo Brasil.
O que aconteceu:
De acordo com Vieira, a empresa, que é de Três Rios (RJ), acabou repassando carnes para o mesmo frigorífico do Rio Grande do Sul que vendeu as 800 toneladas do material podre — que deveria ter sido transformado em ração de animal.
Essa carne, segundo a polícia, foi lavada para retirar os resíduos de lama e colocada em caixas que simulam origem uruguaia. No entanto, estavam em processo de deterioração.
As investigações começaram depois que a empresa que realizou a venda da carne procurou a polícia para denunciar que notou ter comprado o produto estragado de volta como se estivesse boa e própria para o consumo humano.
Segundo a polícia, essa peça em questão foi vendida para um frigorífico de Nova Iguaçu, que, por sua vez, revendeu para empresas de Minas Gerais. Por coincidência, a carne acabou sendo oferecida de volta para o produtor de Canoas (RS), onde tinha ficado meses debaixo d’água.
Fotos mostram que o produto chegou ao Rio Grande do Sul com aspecto de podre. Pelos lotes nas embalagens, o produtor que tinha perdido a carne notou se tratar do mesmo material.
A Tem Di Tudo é autorizada a fazer o reaproveitamento de produtos vencidos e alegou aos produtores gaúchos que a mercadoria seria transformada em ração animal.
De acordo com a investigação, que contou com apoio da Delegacia do Consumidor do Rio Grande do Sul, em maio e junho, os sócios da empresa se aproveitaram da tragédia para adquirir 800 toneladas de carne bovina que tinham ficado submersas “muitos dias” em Porto Alegre.
Eles alegavam que a intenção era a fabricação de ração animal. No entanto, a investigação descobriu que o destino do produto impróprio era outro. As carnes foram vendidas para outras empresas. A movimentação fez com que o grupo tivesse lucro “de mais de 1.000%”, segundo a Polícia Civil fluminense, “colocando em risco consumidores de todo o Brasil”.
Os investigados podem responder pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance em todo o país.
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16/01/2025 às 15:49