Sábado, 21 de Dezembro

Cadela morre enforcada em pet shop, denuncia tutora

Publicado em 08/12/2024 às 17:25
Em Goiás

O que deveria ter sido um banho de rotina em um pet shop acabou em uma tragédia: A corretora de imóveis Angélica Fernandes, tutora da cadela Hasha, de 4 anos, denunciou que a cachorrinha morreu enforcada no estabelecimento, em Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Ela detalhou que os funcionários teriam saído para almoçar e deixado o animal preso pelo pescoço em uma coleira em cima de uma bancada.

“Deixaram ela lá presa pelo pescoço, e aí com certeza ela escorregou, tentou pular”, deduziu a corretora.

“Quando [meu filho] chegou para buscar ela, pela porta de vidro ele a viu pendurada e correu desesperado, pegou ela no colo, ainda tentando fazer alguma coisa, mas ela já estava sem vida. Já a tinha defecado, estava com a linguinha para fora, com os olhos para fora”, completou Angélica.

O caso aconteceu em um estabelecimento do Setor Leste. Nas redes sociais, a dona do pet shop lamentou o ocorrido, disse que o funcionário que teria negligenciado Hasha foi demitido e que o estabelecimento custeou o crematório do animal. Ela ainda pontuou que, após o ocorrido, o local foi vandalizado e que está com o funcionamento paralisado.

Depois do ocorrido, Angélica denunciou o caso à Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência. Ela detalhou que o filho dela passou mal e precisou ser atendido em um hospital depois de encontrar a cadela morta no estabelecimento. Segundo ela, ele já está em casa. À reportagem, o delegado José Mendes de Melo explicou que a investigação está em fase inicial e que ninguém ainda foi ouvido, o que deve ocorrer nos próximos dias.

A pequena Hasha tomava banho no estabelecimento semanalmente desde 2022, segundo a tutora Angélica. A corretora de imóveis detalhou que marcou o horário no pet shop na segunda-feira (2) para que a cadela pudesse ir na terça (3). No dia marcado, levou Hasha ao local e a entregou nas mãos de um funcionário.

Angélica explicou que, por volta de 11h20 do mesmo dia, a proprietária do estabelecimento, que mora no andar de cima do local, mandou uma mensagem dizendo que a Hasha já havia tomado banho e que estava pronta. Segundo a corretora, a proprietária ainda disse que os funcionários sairiam para o almoço ao meio-dia, mas que Angélica poderia ir buscar a cadela que ela mesma entregaria o animal a ela.

“Como ela mora em cima, ela falou: pode chamar, me avisar que eu desço para entregar ela, mas fica tranquila que a Hasha não está agitada, ela está caladinha e tranquilinha lá. Nesse momento eu imaginei que a Hasha estivesse no cercadinho, no chão, e que ela [a proprietária] estivesse acompanhando lá de cima pelas câmeras”, descreveu Angélica.

A corretora detalhou que o filho mais velho dela foi quem se dirigiu até o local para buscar a cadela. No entanto, ao chegar ao pet shop, encontrou a cadela pendurada pelo pescoço.

Minutos depois, Angélica recebeu uma ligação da proprietária, que teria dito para que a corretora fosse até o local acalmar o filho dela.

“Aí eu já entrei em desespero, desliguei o telefone e comecei a chorar”, desabafou.

Ao chegar ao estabelecimento, Angélica disse que a proprietária afirmou que arcaria com os cuidados com o corpo do animal. Nesse momento o filho de Angélica já não estava mais no local. Segundo ela, ao passar mal, ele pediu ajuda ao Corpo de Bombeiros, que fica próximo ao estabelecimento, e foi levado ao hospital, onde tomou calmantes e ficou em observação.

Angélica ainda detalhou que, horas depois, a prima dela foi até o estabelecimento. Um vídeo gravado pela prima da corretora mostra quando a mulher questiona o funcionário que estava responsável pela cadela (e que posteriormente foi demitido do estabelecimento) sobre o ocorrido e sobre o estabelecimento ter continuado funcionando após a morte do animal.

“Foi um acidente”, afirmou o funcionário. “Acidente? Vocês saíram para almoçar e deixaram um animal preso”, rebateu a prima da corretora. “Acontece”, respondeu o funcionário.

Sobre o estabelecimento ter continuado funcionando após a morte de Hasha, a proprietária disse em nota publicada nas redes sociais que decidiu continuar com o atendimento naquele dia porque outros animais estavam sob os cuidados deles aguardando “tratamentos e atendimentos que não poderiam ser adiados sem comprometer o bem-estar deles”.

Família quer justiça por Hasha

A pequena Hasha, que não tinha raça definida, tinha 4 anos e foi adotada pelo filho mais velho da corretora de imóveis em 2020. Na época, a cadela tinha apenas quatro meses. Angélica descreveu a cachorrinha era obediente, meiga e muito brincalhona. Para a corretora, que chamava Hasha de filha, a cadela fazia parte da família.

“Ela só ficava dentro de casa, ela não era bichinho de ficar de fora. Ela dormia no meu quarto, no quarto dos meus meninos, detalhou.

Com a morte inesperada da cadela, a família ainda sofre a dor da perda e descreve a falta que o animal faz.

“Aqui estamos sentindo muita, muita falta dela, do cheirinho dela, pelinhos dela pela casa, da alegria que ela nos trazia, tudo aqui está ruim sem ela”, desabafou.

Agora, a família quer justiça. “A dor que ela sentiu sozinha, sem direito a um socorro, não vai ficar impune”, declarou Angélica.

Posicionamento do pet shop na íntegra:

“Sou a proprietária e fundadora do pet shop e hoje venho a público com o coração profundamente entristecido para falar sobre o lamentável ocorrido em nosso estabelecimento. No dia de hoje, enfrentamos uma situação extremamente dolorosa: a perda de um cachorro sob os nossos cuidados, causada por negligência de um funcionário. Quero, antes de tudo, expressar minhas mais sinceras desculpas e sentimentos aos tutores do animal. Entendo que nenhum gesto pode reparar essa perda, mas gostaria de garantir que estamos fazendo todo o possível para lidar com as consequências deste trágico episódio. Assim que tomei ciência do ocorrido, medidas imediatas foram tomadas. O funcionário envolvido foi advertido, nos próximos dias outras medidas serão tomadas, e estamos revisando nossos protocolos de treinamento e supervisão para garantir que algo assim jamais volte a acontecer.

Além disso, nosso compromisso foi honrar a dignidade do animal. Custeamos integralmente o envio do corpo ao crematório, uma pequena atitude que, naquele momento, era o mínimo que poderíamos fazer. Desde então, temos buscado entrar em contato com os tutores para oferecer o devido apoio emocional e qualquer outra assistência que possa aliviar, ainda que minimamente, essa situação. Na condição proprietária do local, busco sempre estar presente e monitorar todos os procedimentos que são feitos nos pets, porém hoje, infelizmente, não pude estar na empresa porque estou de resguardo e tive que cuidar dos meus dois filhos pequenos.

Em relação à continuidade do funcionamento do pet shop após o incidente, gostaria de esclarecer que decidimos não fechar as portas naquele momento porque outros animais sob nossos cuidados aguardavam tratamentos e atendimentos que não poderiam ser adiados sem comprometer o bem-estar deles. Essa decisão foi tomada com base na nossa responsabilidade com todos os pets que estavam sob nossa responsabilidade neste dia. Por fim, quero reforçar que este pet shop foi criado com o propósito de oferecer um cuidado especial e humanizado aos animais que são parte fundamental da vida de tantas pessoas.

Este compromisso permanece, e estamos dedicados a reconstruir a confiança de nossos clientes e da comunidade, trabalhando incansavelmente para que nunca mais haja um incidente dessa natureza. Agradeço pela compreensão e reitero o meu mais profundo pesar. Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos e comprometidos com a melhoria constante de nossos serviços. O funcionário já foi desligado da empresa, terei que parar com o funcionamento por segurança minha, da minha equipe e dos pets que estavam agendados porque o estabelecimento foi vandalizado e nos sentimos ameaçados. Agradeço aqueles que nos prestaram apoio e confiam no nosso trabalho, mas infelizmente não nos sentimos seguros para continuar”.

 

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