Quarta-feira, 05 de Fevereiro

Bebês no escuro: o caso de maus-tratos e tortura em creche de Goiânia

Publicado em 31/01/2025 às 19:04
Goiânia

Bebês eram mantidos no escuro em um caso de tortura ocorrido em uma creche de Goiânia em 2024. Investigação da Polícia Civil aponta que antigos proprietários do estabelecimento mantinham as crianças em um quarto sem iluminação, onde permaneciam privadas de comida e água ao longo das estadias diárias. O caso, revelado por uma mãe, que notou mudança no comportamento do filho, culminou no indiciamento dos responsáveis pela unidade no último dia 20/1. Vendido em meados de outubro, o estabelecimento segue em funcionamento, mas sob nova direção – sem relação com os crimes.

Em entrevista, a mãe e advogada Ingrid Gabriella Lima Barcelos relatou que soube da situação após ser procurada por uma ex-funcionária que estava em busca de emprego. Durante a conversa, a ex-cuidadora revelou o tratamento destinado às crianças no local. O caso foi denunciado à polícia. Confrontados, os ex-proprietários negaram as acusações, mas outras cuidadoras e mães confirmaram os relatos. A polícia ouviu seis ex-funcionárias e 11 pais, que corroboraram as denúncias.

“Desconfiei quando uma monitora que havia saído me contou sobre os maus-tratos. Ela revelou que as crianças eram privadas de comida e água e que o ambiente era inadequado”, contou Ingrid. Além de uma monitora, falei com outras cuidadoras que saíram e todas confirmaram o que estava acontecendo”, disse Ingrid.

A reportagem entrou contato com a advogada Eula Wamir Macedo, que defendia os ex-proprietários da creche, mas foi informado de que ela não mais representa os investigados. A nova defesa dos ex-donos da da unidade não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.

Tortura em creche de Goiânia: bebês mantidos no escuro choravam de fome, revelam ex-funcionários

Ex-funcionários e familiares revelaram à PC que as crianças eram levadas para um quarto completamente escuro sempre que começavam a chorar. Lá elas ficavam até adormecerem ou pararem de chorar. Ingrid, afirmou que as refeições eram limitadas: “a sopa batida era oferecida apenas uma vez e a água fornecida era quente, aumentando o desconforto das crianças. As crianças que estivessem dormindo não eram alimentadas” relatou

Ingrid afirma que um dos episódios de maus-tratos teve seu filho como alvo. “Ele estava tentando se mover na cadeirinha e a cuidadora irritada abriu a porta no rosto dele para que ele ficasse quieto”, revela. “Meu filho, em primeiro lugar, sempre. Qualquer luta que eu precisar entrar para garantir que ele seja respeitado, eu vou entrar, por isso denunciei”, continua.

Mães também relataram a falta de higiene no local, com mamadeiras que ficavam acumuladas e eram lavadas apenas no início da semana. O indiciamento dos responsáveis ocorreu em janeiro de 2025.

Venda da creche ocorreu durante as investigações; novas proprietárias sofrem ameaças

Ao perceberem a gravidade do processo, os antigos proprietários venderam a creche para duas irmãs, que afirmaram ter feito a aquisição sem ciência dos fatos narrados. De acordo com a atual proprietária, cuja identidade será preservada, o ex-dono agiu de má-fé.

“Quando a gente realizou a compra do berçário, não sabíamos dessas ocorrências, dessas denúncias. Ele agiu de má-fé comigo, mentiu, fez a venda do berçário, não nos comunicou do processo, que o local estava manchado, nada disso”, afirmou. “Agora estamos sendo ameaçadas e correndo riscos.”



O nome da creche e sua localização serão mantidos em sigilo para resguardar as novas proprietárias.

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