Sexta-feira, 26 de Abril

Advogado é segurado por PMs, leva série de socos no rosto e é arrastado em calçada de Goiânia

Publicado em 21/07/2021 às 19:24
Goiânia

O advogado Orcelio Ferreira Silverio Junior, de 32 anos, leva uma série de socos de um policial militar enquanto era segurado por outros PMs, no final da manhã desta quarta-feira (21), em uma calçada de Goiânia.

A reportagem questionou a Polícia Militar sobre o motivo da abordagem, agressões e se a corregedoria acompanha o caso por e-mail enviado às 15h40 e aguarda um retorno.

Os agentes do Grupamento de Intervenção Rápida Ostensiva (GIRO), que aparecem nas imagens, disseram em boletim de ocorrências que o advogado desobedeceu a corporação durante uma abordagem a um morador de rua e desferiu chutes, ponta pés e mordeu o dedo de um policial. 

Na imagem é possível ver ainda que um dos policiais chega a pedir para que uma mulher pare de filmar a abordagem. Outro vídeo mostra que o advogado fica deitado ao chão e leva um tapa no rosto do policial, em seguida, ele é arrastado pela calçada. Em seguida, fica com o pescoço dele entre as pernas.



Momento em que advogado fica com pescoço preso entre as pernas de PM, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera



O caso aconteceu na Avenida Anhanguera, no setor Leste Universitário. Os populares gritam inconformados com a cena.

'Não se pode fazer isso, meu Deus. Filma gente, isso é errado', diz uma mulher que filmava a ação.

De acordo com a advogada Gislane Batista De Carvalho, plantonista de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil de Goiás (OAB-GO), a confusão começou após a PM abordar uma terceira pessoa e o advogado se identificar para os policiais na tentativa de defender o suspeito. 'Ele não foi para o hospital, mas está muito machucado', disse a advogada.

Em nota, a OAB repudiou a ação e disse choca a 'truculência' e o 'despreparo' demonstrados pelos policiais nos vídeos. Foi exigida a abertura de um procedimento investigatório contra todos os agentes estatais envolvidos, para que sejam prontamente identificados e 'processados por crime de abuso de autoridade'.

Relato dos policiais

A equipe do Grupamento de Intervenção Rápida Ostensiva (GIRO), que fez a abordagem, disse no boletim de ocorrências obtido pelo G1 que foi acionada para atender a uma ocorrência em que um morador de rua estava 'ameaçando e coagindo' condutores de veículos estacionados na avenida Anhanguera para pagar uma quantia em dinheiro.





Conforme documento, a corporação deslocou-se ao local, na avenida Anhanguera, e identificou o suspeito. Foi feita a abordagem e, segundo a polícia, o homem contra o homem que demonstrou 'muito nervosismo' e não portava documento de identificação.

Conforme a equipe, durante esta abordagem, o advogado se aproximou com o celular em mãos filmando a ação. Consta que, ao ser questionando pelo motivo da filmagem, o advogado respondeu estar a trabalho, sem dizer sua qualificação ou função ou o porquê de 'estar invadindo o perímetro de segurança da abordagem policial'.

Conforme a ocorrência, o advogado desacatou os policiais 'dizendo que não sabiam com quem estavam lidando e que era influente na alta cúpula da polícia'.

Os policiais relataram ainda no documento que o advogado 'alterou o tom de voz' e apontou o dedo na cara de um policial, momento que foi dado voz de prisão por desobediência.

Conforme boletim, após isso, o advogado 'partiu para a agressão física contra um policial e deferindo-lhe um soco no rosto, chutes e ponta pés, além de morder um dos dedos do PM'.

A polícia relatou que, mediante isto, foi necessário o uso da força para contê-lo. Consta ainda que, mesmo após algemado, segundo os policiais, o advogado ameaçou verbalmente a corporação usando 'palavras de baixo calão'. O PM que teve o dedo mordido passou por exame de corpo de delito, conforme ocorrência.



Advogado Orcelio Ferreira Silverio Junior que foi filmado sendo agredido pela PM, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/OAB-GO.



OAB repudia ação 'truculenta'.

Em nota, a OAB-GO repudiou a agressão sofrida pelo advogado e disse que 'os vídeos que circulam pelas redes sociais mostram uma abordagem policial onde o advogado é covardemente agredido verbal e fisicamente'.

A nota diz ainda que 'a truculência e o despreparo demonstrados pelos policiais nos vídeos chocam, basicamente, pelo abuso nítido na conduta dos policiais, que agiram de forma desmedida, empregando força além da necessária para o caso, em total descompasso com as garantias constitucionais, legais, e até mesmo contra as disposições contidas no Procedimento Operacional Padrão (POP) da Polícia Militar de Goiás'. (Esta reportagem foi escrita pelo site G1 e reproduzida na integra).

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