A decisão foi tomada após o representante do Ministério Público ameaçar entrar com medida judicial.
Publicado em
07/04/2021
às 12:43
Ceres
Prefeito de Ceres, Edmário Barbosa (Cidadania) decidiu afastar de suas funções a Secretária Municipal de Saúde, Marjuery Seabra e a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da pasta, Heloíza Dias Lopes Lago.
A informação foi confirmada ao promotor de
justiça da cidade, Marcos Alberto Rios, que nesta terça-feira (6) cobrou em
entrevistas a rádio Legal FM e à TV Anhanguera, um posicionamento do gestor
para que fosse possível a continuidade das investigações sobre pessoas que
furaram a fila da vacina contra Covid-19 no município. A reportagem é do Jornal
O POPULAR.
No
início de fevereiro, após receber denúncias de moradores, Marcos Rios recebeu
da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Ceres uma lista de 900 pessoas que
teriam vacinado em dois hospitais da cidade. Na relação constavam nomes de
pessoas aleatórias ao sistema privado de saúde que seriam parentes dos
proprietários das unidades de saúde. Para que eles recebessem a vacina, os
administradores dos hospitais criaram cargos fictícios, como auxiliar de
serviços gerais e auxiliar de coleta. No rol entram pais, sogros, namorada e
cunhados dos responsáveis, entre outros.
Na
ocasião, a responsável pela vacinação no município, Heloisa Lago, disse ao Jornal
POPULAR que recebeu dos hospitais as listas das pessoas a serem vacinadas
encaminhadas à SMS e não confirmou os nomes. “A gente não acredita que um dono
de hospital vai expor um parente a uma situação dessas. Avisamos o tempo todo
que a lista é pública e que o MP estaria de olho.” Naquele momento o Ministério
Público pediu ao prefeito Edmário Barbosa que afastasse as servidoras para que
elas não atrapalhassem a investigação, o que não ocorreu.
A
comunidade local não deixou de cobrar um posicionamento do promotor de justiça
Marcos Rios que está na região há cerca de 20 anos. Ele deve se aposentar em
2021. Nesta terça-feira (6), pressionado, ele anunciou que entraria com medidas
judiciais contra Edmário Barbosa caso as servidoras não fossem afastadas porque
elas estariam atrapalhando as investigações.
Marcos Rios disse que desde que a história veio à tona, listas diferentes com os nomes das pessoas que teriam recebido a vacina foram encaminhadas a ele. “Cada semana é uma lista diferente. Eu interpreto isso como uma tentativa de adulteração, por isso pedi ao prefeito que tivesse o bom senso de afastar as duas servidoras até o final da investigação”, afirmou à rádio Legal FM.
Até
o momento Marcos Rios ouviu apenas informalmente as duas servidoras. Segundo
ele, desde que foi decretado o lockdown tem trabalhado de maneira virtual, o
que atrapalha as oitivas presenciais. “Com o afastamento das servidoras, creio
que podemos avançar muito. Já temos um bom número de nomes. Creio que sem a
influência das duas, os próprios servidores da pasta poderão colaborar muito”,
afirmou ao POPULAR. Conforme o promotor de Justiça, na lista constam nomes
duplicados e de um médico que mora a mais de 300 km de Ceres, além de diversos
parentes de administradores hospitalares.
Marcos Rios disse que é certo que todas as pessoas, em torno de 20, que encontraram meios fraudulentos de furar a fila da vacina contra Coid-19 vão responder por peculato desvio, o que pode dar 17 anos de prisão. “Elas praticamente não terão defesa. Ou será isso ou uma multa de um valor considerável, cerca de R$ 50 mil.” As duas servidoras que autorizaram a vacinação, com imunizante adquirido pelo poder público, poderão responder por improbidade administrativa. “Esses espertalhões podem ser considerados assassinos porque, com essa atitude, algumas pessoas morreram”, afirmou o promotor de Justiça.
Procurado pelo POPULAR, o prefeito Edmário Barbosa ainda não se manifestou. O jornal teve acesso à mensagem que ele enviou ao promotor de Justiça confirmando que afastaria as servidoras.
Em contato com O POPULAR, o prefeito Edmário Barbosa explicou que o afastamento das duas servidoras foi uma decisão conjunta, dele e de ambas, que vinham sendo muito pressionadas. “Para mim elas não praticaram nenhum crime. Eu acredito na idoneidade de ambas. O que houve foi uma falha passível de acontecer em qualquer lugar e com qualquer pessoa. Ninguém do serviço publicou levou vantagem nessa questão, muito menos as duas servidoras.” O prefeito acredita que até o início do próximo mês, quando for concluída uma auditoria interna em andamento, Marjuery e Heloisa estarão de volta aos seus cargos.
Matéria atualizada dia (8/4) as 6h50.
As
informações são do Jornal O POPULAR
Malu
Longo.
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