Sábado, 27 de Abril

Polícia Civil faz apreensão de criptomoedas em Goiás e bloqueia R$ 20 milhões de grupo suspeito de pirâmide financeira

Publicado em 29/11/2021 às 18:33
Goiânia

A Polícia Civil fez a primeira apreensão de criptomoedas de forma in loco em Goiás e conseguiu o bloqueio de R$ 20 milhões em contas de um grupo suspeito de montar uma pirâmide financeira, que causou prejuízo a centenas de investidores no estado. A empresa dos suspeitos tinha sede em Bela Vista de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia. 

 

Os nomes dos suspeitos não foram divulgados. Por isso, a reportagem  não localizou as defesas para se manifestarem sobre o caso.

 

A operação Octopus prendeu um homem suspeito de ser o cabeça do grupo, a namorada, o pai dele na sexta-feira (26), em Goiânia. Policiais civis também cumpriram 11 mandados de busca e apreensão, dois sequestros de veículos de luxo, bem como, a apreensão de documentos, valores em espécie e três armas de fogo.

 

O valor apreendido em criptomoedas foi de R$ 2 mil, segundo o delegado Webert Leonardo, que chefia a investigação. Apesar de o montante ser baixo, a apreensão foi inédita para a corporação e vai modernizar as técnicas de investigação e apreensão de valores em crimes financeiros virtuais.

 

'Nós apreendemos e convertemos valores virtuais diretamente no local da diligência, mediante conhecimento de inteligência quebrando as senhas das contas. O valor é convertido para uma conta judicial vinculada ao inquérito', explica o delegado.

 

Polícia Civil cumpre mandado de apreensão de documentos em casa de suspeito de pirâmide financeira, em Goiás — Foto: Polícia Civil


O grande avanço para a polícia, neste caso, é a possibilidade de entrar nas contas dos suspeitos e pegar os valores em criptomoedas antes que eles desapareçam ao serem transferidos, conforme o delegado.

 

'Essa apreensão é diferente de um bloqueio de conta judicial. Se a polícia não agir rápido, os suspeitos podem sumir com o dinheiro em pouco tempo', esclarece Webert Leonardo.

 

 

Os suspeitos podem responder na Justiça por organização criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular. A investigação continua com o objetivo de tentar encontrar outras pessoas que podem ter ajudado o funcionamento do esquema.

 

Advogado calcula R$ 15 milhões de prejuízo

 

De acordo com o advogado das vítimas, Antônio Miguel, o grupo cobrava cerca de R$ 300 mil por aposta. A Polícia Civil disse que ainda apura o valor total do prejuízo causado a essas pessoas, mas estimou que o valor esteja calculado em milhões.

 

 

“As pessoas eram atraídas por esses supostos empresários do ramo financeiro. Eles prometiam um lucro fácil de 30 a 50%. Falavam que o dinheiro seria aplicado em apostas esportivas e retorno de um lucro muito alto, muito exorbitante”, disse o advogado.

De acordo com o advogado, a defesa aguarda o fim do inquérito policial e espera que os clientes sejam devidamente ressarcidos.

 

Operação

 

A investigação durou cerca de três meses e revelou uma estrutura organizada, com divisão de tarefas, baseada na oferta de serviço, com ganhos na taxa de corretagem para intermediação de apostas em jogos esportivos e investimentos em criptoativos.

 



 

'Eles captavam os valores vendendo uma prestação de serviço, mediante corretagem tanto de apostas esporivas virtuais quanto investimentos em criptativo. Ambos são atividades de risco, mas havia uma promessa de 50% de lucro ao mês, no início das atividades', descreveu o delegado Webert Leonardo.

 

 

O investigador acredita que quando começou a pirâmide financeira começou a se desmontar, os suspeitos baixaram o patamar de lucro para 30% ao mês e até permanceram adimplentes por quase um ano.


'O que chama a atenção é o perfil dos investidores, que vai desde um borracheiro da cidade a médios e grandes empresários e bancários. Estamos investigando a participação de outros investidores no caso', declarou o delegado.

 

 

 

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