Publicado em
29/11/2021
às 18:33
Goiânia
A
Polícia Civil fez a primeira apreensão de criptomoedas de forma in loco em
Goiás e conseguiu o bloqueio de R$ 20 milhões em contas de um grupo
suspeito de montar uma pirâmide financeira, que causou prejuízo a centenas de
investidores no estado. A empresa dos suspeitos tinha sede em Bela Vista
de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia.
Os
nomes dos suspeitos não foram divulgados. Por isso, a reportagem não
localizou as defesas para se manifestarem sobre o caso.
A
operação Octopus prendeu um homem suspeito de ser o cabeça do grupo, a namorada,
o pai dele na sexta-feira (26), em Goiânia. Policiais civis também cumpriram 11
mandados de busca e apreensão, dois sequestros de veículos de luxo, bem como, a
apreensão de documentos, valores em espécie e três armas de fogo.
O
valor apreendido em criptomoedas foi de R$ 2 mil, segundo o delegado Webert
Leonardo, que chefia a investigação. Apesar de o montante ser baixo, a
apreensão foi inédita para a corporação e vai modernizar as técnicas de
investigação e apreensão de valores em crimes financeiros virtuais.
'Nós
apreendemos e convertemos valores virtuais diretamente no local da diligência,
mediante conhecimento de inteligência quebrando as senhas das contas. O valor é
convertido para uma conta judicial vinculada ao inquérito', explica o
delegado.
Polícia Civil cumpre mandado de apreensão de documentos em casa de suspeito de pirâmide financeira, em Goiás — Foto: Polícia Civil
O
grande avanço para a polícia, neste caso, é a possibilidade de entrar nas
contas dos suspeitos e pegar os valores em criptomoedas antes que eles
desapareçam ao serem transferidos, conforme o delegado.
'Essa
apreensão é diferente de um bloqueio de conta judicial. Se a polícia não agir
rápido, os suspeitos podem sumir com o dinheiro em pouco tempo', esclarece
Webert Leonardo.
Os
suspeitos podem responder na Justiça por organização criminosa, lavagem de
dinheiro e crime contra a economia popular. A investigação continua com o
objetivo de tentar encontrar outras pessoas que podem ter ajudado o
funcionamento do esquema.
Advogado
calcula R$ 15 milhões de prejuízo
De
acordo com o advogado das vítimas, Antônio Miguel, o grupo cobrava cerca de R$
300 mil por aposta. A Polícia Civil disse que ainda apura o valor total do
prejuízo causado a essas pessoas, mas estimou que o valor esteja calculado em
milhões.
“As
pessoas eram atraídas por esses supostos empresários do ramo financeiro. Eles
prometiam um lucro fácil de 30 a 50%. Falavam que o dinheiro seria aplicado em
apostas esportivas e retorno de um lucro muito alto, muito exorbitante”, disse
o advogado.
De
acordo com o advogado, a defesa aguarda o fim do inquérito policial e espera
que os clientes sejam devidamente ressarcidos.
Operação
A
investigação durou cerca de três meses e revelou uma estrutura organizada, com
divisão de tarefas, baseada na oferta de serviço, com ganhos na taxa de
corretagem para intermediação de apostas em jogos esportivos e investimentos em
criptoativos.
'Eles
captavam os valores vendendo uma prestação de serviço, mediante corretagem
tanto de apostas esporivas virtuais quanto investimentos em criptativo. Ambos
são atividades de risco, mas havia uma promessa de 50% de lucro ao mês, no
início das atividades', descreveu o delegado Webert Leonardo.
O investigador acredita que quando começou a pirâmide financeira começou a se desmontar, os suspeitos baixaram o patamar de lucro para 30% ao mês e até permanceram adimplentes por quase um ano.
'O
que chama a atenção é o perfil dos investidores, que vai desde um borracheiro
da cidade a médios e grandes empresários e bancários. Estamos investigando a
participação de outros investidores no caso', declarou o delegado.
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